O CINEMA-FORA-DOS LEÕES apresenta
Sexta-feira, 6 de Março
Seguem-se as seguintes sessões:
13 de Março – Histoire Immortelle, Orson Welles, 1968
20 de Março – The Night of the Following Day, Hubert Cornfield, 1968
O Cinema-Fora-dos Leões inicia em Março uma programação que tem por objectivo desafiar o estatuto autoral comummente atribuído unicamente ao realizador. O cinema é uma arte pluridisciplinar que, apoiada nos contributos de vários saberes distintos, constrói um resultado final que nos atinge da retina ao coração. Deste modo, faremos um primeiro ciclo dedicado a um conjunto de filmes que partilham a direcção de fotografia de Willy Kurant, deixando pelo caminho vários realizadores (Agnès Varda, Orson Welles, Hubert Cornfield) em busca do olho de Kurant. Depois prosseguiremos com temas ou paradigmas, por exemplo: a montagem, a produção, o casting, a música, o argumento, etc.
Partimos com Les Crèatures (1966) de Agnès Varda, filme que ao inicio se apresenta confuso e ilógico, mas que não é mais do que um ensaio hipnótico da passagem do real à ficção, ou melhor, de como a realidade e a fantasia são simultaneamente suspensas na mente de um escritor que não distingue a história que escreve da vida que vive. Na verdade Edgar vê no universo da ilha o seu campo de trabalho, o palco sobre o qual dá vida aos seus habitantes e personagens, que neste filme é a mesma coisa.
No ciclo em causa, reveste-se de enorme interesse o facto de Les Crèatures terem três directores de fotografia nos créditos: Kurant (fotógrafo de cinema experiente que em 1966 se encontrava a trabalhar (provavelmente em simultâneo) nos filme Masculin Féminin de Jean-Luc Godard, Trans-Europ-Express de Alain Robbe-Grillet e na curta-metragem Elsa la Rose também de Agnès Varda), e os novatos William Lubtchansky (que também participou na curta-metragem Elsa la Rose, e que até aí tinha apenas fotografado a curta-metragem Fragilité, ton nom est femme de Nadine Trintignant) e Jean Orjollet. Desconhece-se com precisão qual terá sido o contributo de cada um deles em Les Crèatures. Terão sido assistentes de Kurant? Uma entrevista de Varda, feita anos mais tarde, refere que a paisagem da ilha e o seu estranho castelo foi maravilhosamente filmado por Willy Kurant (referindo apenas o seu nome), todavia, estas questões e dúvidas ganham interesse pelo facto de Lubtchansky ter, anos mais tarde, sido responsável pela fotografia de filmes de Claude Lanzmann, Philippe Garrel, Jacques Rivette, Straub & Huillet e Otar Iosseliani. Será possível reconhecer os olhos atrás da câmara em cada um dos 92 minutos do filme?
Sessões às 21h30
Sexta-feira, 6 de Março
Les Crèatures, Agnès Varda, 1966, 92'
Seguem-se as seguintes sessões:
13 de Março – Histoire Immortelle, Orson Welles, 1968
20 de Março – The Night of the Following Day, Hubert Cornfield, 1968
O Cinema-Fora-dos Leões inicia em Março uma programação que tem por objectivo desafiar o estatuto autoral comummente atribuído unicamente ao realizador. O cinema é uma arte pluridisciplinar que, apoiada nos contributos de vários saberes distintos, constrói um resultado final que nos atinge da retina ao coração. Deste modo, faremos um primeiro ciclo dedicado a um conjunto de filmes que partilham a direcção de fotografia de Willy Kurant, deixando pelo caminho vários realizadores (Agnès Varda, Orson Welles, Hubert Cornfield) em busca do olho de Kurant. Depois prosseguiremos com temas ou paradigmas, por exemplo: a montagem, a produção, o casting, a música, o argumento, etc.
Partimos com Les Crèatures (1966) de Agnès Varda, filme que ao inicio se apresenta confuso e ilógico, mas que não é mais do que um ensaio hipnótico da passagem do real à ficção, ou melhor, de como a realidade e a fantasia são simultaneamente suspensas na mente de um escritor que não distingue a história que escreve da vida que vive. Na verdade Edgar vê no universo da ilha o seu campo de trabalho, o palco sobre o qual dá vida aos seus habitantes e personagens, que neste filme é a mesma coisa.
No ciclo em causa, reveste-se de enorme interesse o facto de Les Crèatures terem três directores de fotografia nos créditos: Kurant (fotógrafo de cinema experiente que em 1966 se encontrava a trabalhar (provavelmente em simultâneo) nos filme Masculin Féminin de Jean-Luc Godard, Trans-Europ-Express de Alain Robbe-Grillet e na curta-metragem Elsa la Rose também de Agnès Varda), e os novatos William Lubtchansky (que também participou na curta-metragem Elsa la Rose, e que até aí tinha apenas fotografado a curta-metragem Fragilité, ton nom est femme de Nadine Trintignant) e Jean Orjollet. Desconhece-se com precisão qual terá sido o contributo de cada um deles em Les Crèatures. Terão sido assistentes de Kurant? Uma entrevista de Varda, feita anos mais tarde, refere que a paisagem da ilha e o seu estranho castelo foi maravilhosamente filmado por Willy Kurant (referindo apenas o seu nome), todavia, estas questões e dúvidas ganham interesse pelo facto de Lubtchansky ter, anos mais tarde, sido responsável pela fotografia de filmes de Claude Lanzmann, Philippe Garrel, Jacques Rivette, Straub & Huillet e Otar Iosseliani. Será possível reconhecer os olhos atrás da câmara em cada um dos 92 minutos do filme?
Sessões às 21h30
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