segunda-feira

Quarta-feira | 27-04-2016 | 18:00 e 21:30

MUSTANG
Realização: Deniz Gamze Ergüven















Sinopse:
É Verão na Turquia. Lale e as suas quatro irmãs vivem numa pequena aldeia com a avó e com o tio. Um dia, depois do fim das aulas, são apanhadas a brincar na praia com alguns colegas de escola. A brincadeira, apesar de inocente, é mal interpretada pelos familiares, que a consideram inapropriada. O castigo não tarda e as cinco raparigas são fechadas em casa, proibidas de qualquer contacto com o mundo exterior. A casa da família transforma-se lentamente numa prisão e os seus casamentos começam a ser planeados. Porém, incapazes de se deixarem dominar, elas encontram as suas próprias formas de contornar as regras que lhes são impostas.
Estreia na realização de longa-metragem de Deniz Gamze Ergüven, “Mustang” foi nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro (representando a França).

Notas de Crítica:
Mustang tem um conteúdo proselitista na extrema clareza da sua mensagem sobre o machismo do Islão, cuja exposição tem o vigor do preto-no-branco do argumento (da realizadora do filme, Deniz Gamze Ergüven, e de Alice Winocour, realizadora de Augustine): de um lado estão os bons, as meninas oprimidas, de outro os maus – os homens, obviamente, mas também as mulheres mais velhas, o seu verdadeiro pelotão de frente.
A energia é contagiante e Ergüven retrata com muita câmara na mão a intensidade nervosa própria da idade das suas estrelas, assim com os seus irrefreáveis (daí o título) impulsos de liberdade – simbolizadas na forma como filma-lhes os corpos e os seus longos cabelos. O recurso também serve para registar o seu progressivo estado de sítio – quando são encurraladas física e espiritualmente.
A abordagem, feita com capital francês por uma emigrada, é bastante diferente daquela com "pezinhos de lã" de Haifaa al-Mansour em O Sonho de Wadjda, onde retratava com delicadeza a sufocante sociedade da Arábia Saudita. Aqui, apesar do fundamentalismo da família atingir uma dimensão quase surreal, estas meninas têm computadores, dizem palavrões e as mais velhas não são assim tão inocentes no que se refere a sexo.
No mais as mulheres, como se sabe, foram sempre as grandes vítimas da insanidade moral das religiões monoteístas. A cineasta sugere as implicações do velho confronto do puritanismo fundamentalista e o seu singular paradoxo de ver sexo e pecado em tudo – como no momento em que uma das meninas atira uma cadeira no chão e diz que "elas devem ser imundas porque os nossos cús estiveram sobre elas".

Ficha Técnica:
Realizador: Prashant Nair
Intérpretes: Günes Sensoy, Doga Zeynep Doguslu, Elit Iscan
Género: Drama
Duração: 97m
FRA/Qatar/ALE/Turquia, 2015, Cores
M/12

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